Adolescente de 16 anos viajou sem avisar aos pais, que mobilizaram Polícia e redes sociais. Arquidiocese de Fortaleza orienta sobre como a família deve agir quando a vocação religiosa aparece na adolescência
A angústia da família de Pedro Henrique, de 16 anos, que estava desaparecido há mais de 48 horas, terminou ontem de manhã, quando o jovem foi encontrado no Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, no Bairro de Fátima. Uma missão religiosa teria motivado o estudante a fugir de casa na última terça-feira, 8, e viajar 493 quilômetros para participar de uma romaria.
Passado o susto, o pai do adolescente, Francisco Júnior, explicou que o paradeiro do filho foi descoberto após uma investigação, que chegou a uma empresa de transporte rodoviário. “Tinha passagem comprada no nome dele. Quando tive a certeza de que ele havia comprado a passagem, fui até a empesa e conversei com o gerente. Estava com o boletim de ocorrência em mãos e confirmamos que ele havia ido a Juazeiro do Norte”, comentou.
Segundo o pai, o adolescente é religioso e reza bastante. “Tem uma comunidade próxima, aqui no Itaperi, que ele frequenta. Ele achou que deveria ir para a romaria, que havia uma necessidade de ver aquilo, de ter a experiência de estar perto de pessoas carentes”, conta Francisco. Sobre vocação religiosa, o pai relata que ainda é cedo para saber se o rapaz ingressaria na vida sacerdotal. “Ele teve a educação que a gente teve, de ir à missa aos domingos, de fazer o bem, e foi tocado”, comenta.
Vocação religiosa
O padre Rafael Maciel, que é coordenador vocacional da Arquidiocese de Fortaleza, acompanha pessoas que querem ingressar na vida sacerdotal. Segundo ele, a vocação religiosa não tem idade certa para começar, mas a maioria dos jovens entra no Seminário Propedêutico a partir dos 18 anos, idade mínima permitida. No entanto, ele diz que existem adolescentes de 15 e 16 anos que já pensam sobre a vocação. “Pedimos a eles que se envolvam na paróquia, que façam parte dos grupos até que cheguem à idade de 18 anos, que é quando eles estão mais firmes na arquidiocese”, relata.
Sobre o incidente do sumiço de Pedro, o coordenador da pastoral vocacional acredita que o jovem deve trazer algum tipo de vocação, que pode ser ligada não só ao sacerdócio, mas também ao matrimônio. Para o padre, o fato de o rapaz ter ido sem avisar aos pais chama a atenção para o diálogo que os adolescentes devem ter com a família. “Não recrimino os pais dele, pois também não sei como é a vida dele em casa, mas isso abre um alerta para que os pais tenham diálogo com a juventude. Se o filho quer ir a uma romaria, abra o espaço, diga que um dia pode ir com ele”, sugere.
Padre Rafael afirma que os pais devem ir a missões religiosas quando os filhos sentirem essa necessidade. “Temos de abrir os olhos dos pais para que dialoguem com os filhos, incentivem e acompanhem a vida religiosa. O acompanhamento dos pais é importantíssimo para que o jovem sinta que tem o apoio da família”, comenta.
Para o padre, o rapaz tem um brilho especial. “Ele pode estar trazendo um chamado para viver a vida de um modo solidário, um coração sensível ao próximo”, diz.
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