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Palavra do Pastor

Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

30 de jan. de 2015

Assembleia da Osib elege nova diretoria nacional

Entre os dias 19 e 22 de janeiro, os padres formadores das diversas regiões do Brasil estiveram reunidos no Seminário Maior Arquidiocesano Nossa Senhora de Fátima, em Brasília (DF), para a Assembleia Geral da Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (Osib).



Nos três primeiros dias do encontro, os participantes refletiram o tema “Pedagogia do processo formativo”. O último dia do encontro foi dedicado à realização da eleição para a nova diretoria da Osib nacional.

Para compor a nova diretoria foram eleitos respectivamente: padre Nivaldo Magela, da arquidiocese de Belo Horizonte (MG), Presidente; padre Rafael Silva, da arquidiocese de Fortaleza (CE), Secretário; padre Leandro Santos, da diocese de Taubaté (SP), Tesoureiro; padre Ildomar Danelon, da diocese de Osório (RS), para o setor de Comunicação e Publicação.

Com informações da Osib

Fonte: CNBB

28 de jan. de 2015

"Se sentires o chamado, não o recuseis." São João Paulo II


Caríssimos jovens, vocês que sentem o chamado ao sacerdócio e querem discernir esta vocação queremos informar que os encontros vocacionais da Pastoral Vocacional de Fortaleza, darão inicio no mês de março, nos dias 21 e 22. 

Aproveitamos a oportunidade para animar e fomentar a Pastoral Vocacional Diocesana de nossa Igreja Particular informando as datas dos Encontros Vocacionais Diocesanos, que acontecerão mensalmente, aos terceiros finais de semana, no Seminário Propedêutico, Henrique Jorge, em Fortaleza. Por algumas (raras) ocasiões as datas serão mudadas. Estes encontros são especialmente para aqueles jovens que já estão e para aqueles que surgirem neste ano de 2015. 

Os Encontros Vocacionais darão a oportunidade de o jovem vocacionado discernir ainda melhor seu lugar na Igreja. A chegada dos vocacionados para o encontro acontecerá sempre no sábado à tarde, por volta das 15h (para pernoite) e prolongar-se-á até o domingo ao meio-dia (com o almoço).

Entre em contato conosco:  Seminário Propedêutico Dom Aloísio Lorscheider
Rua Profº Paulo Lopes, 122  / CEP: 60510-390 – Henrique Jorge / Fortaleza – Ceará
Fone: 3290 1045 (Res.) /9956.7034 (Pe. Rafhael) /86908231 (Pe, Vicente)
E-mails:  Pe. Rafhael: perafhael@hotmail.com - Pe, Vicente: olavicente@hotmail.com


Algumas orientações básicas para o envio dos jovens aos encontros vocacionais

1. Idade mínima: 18 anos completos ou em proximidade de completar;

2. Escolaridade: Ensino Médio concluído ou em fase de conclusão (que o candidato esteja pelo menos no 2° ou 3º ano do Ensino Médio);

3. Pastoral: que o candidato tenha alguma atividade pastoral na Paróquia, não somente na liturgia, mas inclusive na Catequese, em acompanhamento de jovens, etc.;

4. O Pároco ou responsável da Área Pastoral deve enviar suas Cartas de recomendação deixando claro que conhecem o candidato e que estão indicando o mesmo para o discernimento vocacional na Arquidiocese de Fortaleza. 

5. Para os jovens que ainda não preenchem esses requisitos recomendamos que os Párocos e responsáveis por Áreas Pastorais acompanhem-nos nas Paróquias ou Áreas Pastorais, com a Equipe Vocacional Paroquial e mesmo enviem os jovens para o acompanhamento do Padre da PV na Região Episcopal.
Pastoral Vocacional de Fortaleza


25 de jan. de 2015

Vinte quatro jovens deixaram tudo, para serem padres...

Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”.


Hoje, o Seminário Propedêutico Dom Aloísio Lorscheider da Arquidiocese de Fortaleza, acolheu a nova turma de seminaristas para este ano de 2015; vinte quatro jovens envolvidos pelo chamado de Deus, decidiram deixar tudo para ingressarem num discernimento e formação mais profundo em busca da vocação sacerdotal. 

Jesus continua chamando aqueles que ele quer, e muitos com o coração aberto, disponível respondem a este chamado de Jesus para serem pescadores de homens; e Jesus continuará chamado jovens e mais jovens para esta vocação sacerdotal. Pedimos a vocês que acompanha a Pastoral Vocacional de Fortaleza, as suas orações por estes jovens rapazes e por tantos que já estão nesse caminho de formação, para que perseverem; mas também, por aqueles que ainda não escutaram o chamado de Deus, precisamos cada vez mais de operários para a vinha do Senhor. 

Jovem, você já pensou em ser Padre? Converse conosco, nos procure e comece já um discernimento vocacional para discernir a sua vocação, não custa nada arriscar na sua vocação; na sua felicidade.

Pastoral Vocacional de Fortaleza

23 de jan. de 2015

Mensagem do Papa para 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais

MENSAGEM
Mensagem do Papa Francisco para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais
Sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Boletim da Santa Sé
«Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor»
O tema da família encontra-se no centro duma profunda reflexão eclesial e dum processo sinodal que prevê dois Sínodos, um extraordinário – acabado de celebrar – e outro ordinário, convocado para o próximo mês de Outubro. Neste contexto, considerei oportuno que o tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais tivesse como ponto de referência a família. Aliás, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar. Voltar a este momento originário pode-nos ajudar quer a tornar mais autêntica e humana a comunicação, quer a ver a família dum novo ponto de vista.
Podemos deixar-nos inspirar pelo ícone evangélico da visita de Maria a Isabel (Lc 1, 39-56). «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre”» (vv. 41-42).
Este episódio mostra-nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que tece com a linguagem do corpo. Com efeito, a primeira resposta à saudação de Maria é dada pelo menino, que salta de alegria no ventre de Isabel. Exultar pela alegria do encontro é, em certo sentido, o arquétipo e o símbolo de qualquer outra comunicação, que aprendemos ainda antes de chegar ao mundo. O ventre que nos abriga é a primeira «escola» de comunicação, feita de escuta e contacto corporal, onde começamos a familiarizar-nos com o mundo exterior num ambiente protegido e ao som tranquilizador do pulsar do coração da mãe. Este encontro entre dois seres simultaneamente tão íntimos e ainda tão alheios um ao outro, um encontro cheio de promessas, é a nossa primeira experiência de comunicação. E é uma experiência que nos irmana a todos, pois cada um de nós nasceu de uma mãe.
Mesmo depois de termos chegado ao mundo, em certo sentido permanecemos num «ventre», que é a família. Um ventre feito de pessoas diferentes, interrelacionando-se: a família é «o espaço onde se aprende a conviver na diferença» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 66). Diferenças de géneros e de gerações, que comunicam, antes de mais nada, acolhendo-se mutuamente, porque existe um vínculo entre elas. E quanto mais amplo for o leque destas relações, tanto mais diversas são as idades e mais rico é o nosso ambiente de vida. O vínculo está na base da palavra, e esta, por sua vez, revigora o vínculo. Nós não inventamos as palavras: podemos usá-las, porque as recebemos. É em família que se aprende a falar na «língua materna», ou seja, a língua dos nossos antepassados (cf. 2 Mac 7, 21.27). Em família, apercebemo-nos de que outros nos precederam, nos colocaram em condições de poder existir e, por nossa vez, gerar vida e fazer algo de bom e belo. Podemos dar, porque recebemos; e este circuito virtuoso está no coração da capacidade da família de ser comunicada e de comunicar; e, mais em geral, é o paradigma de toda a comunicação.
A experiência do vínculo que nos «precede» faz com que a família seja também o contexto onde se transmite aquela forma fundamental de comunicação que é a oração. Muitas vezes, ao adormecerem os filhos recém-nascidos, a mãe e o pai entregam-nos a Deus, para que vele por eles; e, quando se tornam um pouco maiores, põem-se a recitar juntamente com eles orações simples, recordando carinhosamente outras pessoas: os avós, outros parentes, os doentes e atribulados, todos aqueles que mais precisam da ajuda de Deus. Assim a maioria de nós aprendeu, em família, a dimensão religiosa da comunicação, que, no cristianismo, é toda impregnada de amor, o amor de Deus que se dá a nós e que nós oferecemos aos outros.
Na família, é sobretudo a capacidade de se abraçar, apoiar, acompanhar, decifrar olhares e silêncios, rir e chorar juntos, entre pessoas que não se escolheram e todavia são tão importantes uma para a outra… é sobretudo esta capacidade que nos faz compreender o que é verdadeiramente a comunicação enquanto descoberta e construção de proximidade. Reduzir as distâncias, saindo mutuamente ao encontro e acolhendo-se, é motivo de gratidão e alegria: da saudação de Maria e do saltar de alegria do menino deriva a bênção de Isabel, seguindo-se-lhe o belíssimo cântico do Magnificat, no qual Maria louva o amoroso desígnio que Deus tem sobre Ela e o seu povo. De um «sim» pronunciado com fé, derivam consequências que se estendem muito para além de nós mesmos e se expandem no mundo. «Visitar» supõe abrir as portas, não encerrar-se no próprio apartamento, sair, ir ter com o outro. A própria família é viva, se respira abrindo-se para além de si mesma; e as famílias que assim procedem, podem comunicar a sua mensagem de vida e comunhão, podem dar conforto e esperança às famílias mais feridas, e fazer crescer a própria Igreja, que é uma família de famílias.
Mais do que em qualquer outro lugar, é na família que, vivendo juntos no dia-a-dia, se experimentam as limitações próprias e alheias, os pequenos e grandes problemas da coexistência e do pôr-se de acordo. Não existe a família perfeita, mas não é preciso ter medo da imperfeição, da fragilidade, nem mesmo dos conflitos; preciso é aprender a enfrentá-los de forma construtiva. Por isso, a família onde as pessoas, apesar das próprias limitações e pecados, se amam, torna-se uma escola de perdão. O perdão é uma dinâmica de comunicação: uma comunicação que definha e se quebra, mas, por meio do arrependimento expresso e acolhido, é possível reatá-la e fazê-la crescer. Uma criança que aprende, em família, a ouvir os outros, a falar de modo respeitoso, expressando o seu ponto de vista sem negar o dos outros, será um construtor de diálogo e reconciliação na sociedade.
Muito têm para nos ensinar, a propósito de limitações e comunicação, as famílias com filhos marcados por uma ou mais deficiências. A deficiência motora, sensorial ou intelectual sempre constitui uma tentação a fechar-se; mas pode tornar-se, graças ao amor dos pais, dos irmãos e doutras pessoas amigas, um estímulo para se abrir, compartilhar, comunicar de modo inclusivo; e pode ajudar a escola, a paróquia, as associações a tornarem-se mais acolhedoras para com todos, a não excluírem ninguém.
Além disso, num mundo onde frequentemente se amaldiçoa, insulta, semeia discórdia, polui com as murmurações o nosso ambiente humano, a família pode ser uma escola de comunicação feita de bênção. E isto, mesmo nos lugares onde parecem prevalecer como inevitáveis o ódio e a violência, quando as famílias estão separadas entre si por muros de pedras ou pelos muros mais impenetráveis do preconceito e do ressentimento, quando parece haver boas razões para dizer «agora basta»; na realidade, abençoar em vez de amaldiçoar, visitar em vez de repelir, acolher em vez de combater é a única forma de quebrar a espiral do mal, para testemunhar que o bem é sempre possível, para educar os filhos na fraternidade.
Os meios mais modernos de hoje, irrenunciáveis sobretudo para os mais jovens, tanto podem dificultar como ajudar a comunicação em família e entre as famílias. Podem-na dificultar, se se tornam uma forma de se subtrair à escuta, de se isolar apesar da presença física, de saturar todo o momento de silêncio e de espera, ignorando que «o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras ricas de conteúdo» (BENTO XVI, Mensagem do XLVI Dia Mundial das Comunicações Sociais, 24/1/2012); e podem-na favorecer, se ajudam a narrar e compartilhar, a permanecer em contacto com os de longe, a agradecer e pedir perdão, a tornar possível sem cessar o encontro. Descobrindo diariamente este centro vital que é o encontro, este «início vivo», saberemos orientar o nosso relacionamento com as tecnologias, em vez de nos deixarmos arrastar por elas. Também neste campo, os primeiros educadores são os pais. Mas não devem ser deixados sozinhos; a comunidade cristã é chamada a colocar-se ao seu lado, para que saibam ensinar os filhos a viver, no ambiente da comunicação, segundo os critérios da dignidade da pessoa humana e do bem comum.
Assim o desafio que hoje se nos apresenta, é aprender de novo a narrar, não nos limitando a produzir e consumir informação, embora esta seja a direcção para a qual nos impelem os potentes e preciosos meios da comunicação contemporânea. A informação é importante, mas não é suficiente, porque muitas vezes simplifica, contrapõe as diferenças e as visões diversas, solicitando a tomar partido por uma ou pela outra, em vez de fornecer um olhar de conjunto.
No fim de contas, a própria família não é um objecto acerca do qual se comunicam opiniões nem um terreno onde se combatem batalhas ideológicas, mas um ambiente onde se aprende a comunicar na proximidade e um sujeito que comunica, uma «comunidade comunicadora». Uma comunidade que sabe acompanhar, festejar e frutificar. Neste sentido, é possível recuperar um olhar capaz de reconhecer que a família continua a ser um grande recurso, e não apenas um problema ou uma instituição em crise. Às vezes os meios de comunicação social tendem a apresentar a família como se fosse um modelo abstracto que se há-de aceitar ou rejeitar, defender ou atacar, em vez duma realidade concreta que se há-de viver; ou como se fosse uma ideologia de alguém contra outro, em vez de ser o lugar onde todos aprendemos o que significa comunicar no amor recebido e dado. Ao contrário, narrar significa compreender que as nossas vidas estão entrelaçadas numa trama unitária, que as vozes são múltiplas e cada uma é insubstituível.
A família mais bela, protagonista e não problema, é aquela que, partindo do testemunho, sabe comunicar a beleza e a riqueza do relacionamento entre o homem e a mulher, entre pais e filhos. Não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro.
Vaticano, 23 de Janeiro – Vigília da Festa de São Francisco de Sales – de 2015.
Fonte: http://papa.cancaonova.com/

20 de jan. de 2015

Arquidiocese do Rio de Janeiro abre processo de beatificação de Guido Schäffer

A arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) realizou, no sábado, dia 17, a abertura do processo de beatificação do seminarista Guido Vidal França Schäffer, um médico surfista que faleceu aos 34 anos, em 2009. O ato ocorreu na Basílica da Imaculada Conceição, no bairro de Botafogo.
Guido nasceu em 22 de maio de 1974. De acordo com sua mãe, Maria Nazareth, aos seis anos o menino disse que tinha visto Jesus. “Então perguntei como Ele era; o Guido me respondeu: ‘Jesus é lindo, mamãe. Ele me disse para ser obediente aos meus pais, frequentar a missa e prestar muita atenção no que o padre diz porque um dia eu vou chamar meus amigos’. E isso foi algo que realmente ele fez”, recorda.
Formado em medicina, o jovem ajudava as irmãs Missionárias da Caridade no cuidado com os moradores de rua. Sua mãe conta que foi a proximidade que teve com os doentes que fez com que Guido despertasse para a vocação sacerdotal. Aos 28 anos, deu início aos estudos de Filosofia no Mosteiro de São Bento, por conselho do bispo auxiliar emérito do Rio de Janeiro, dom Karl Josef Romer, atual diretor do Instituto Superior de Ciências Religiosas (Iscr). O bispo também o incentivou na continuidade da doação aos pobres nos tempos livres.
Processo
Em carta assinada pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano, cardeal Angelo Amato, a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação e canonização. . “Tendo examinado a questão, tenho a alegria de informar à Vossa Eminência que, por parte da Santa Sé, nada se opõe a que a causa de beatificação e canonização do referido Servo de Deus possa ser realizada, observando as normas e os inquéritos que os bispos devem fazer nas causas dos santos”, dizia o texto.
O arcebispo do Rio de Janeiro e presidente do regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Orani João Tempesta, destacou durante a abertura do processo o “testemunho de fé e caridade de Guido”. “Sem dúvida, eu creio, que aqui se resume os aspectos da vida de um jovem para o mundo de hoje: universidade, a presença na sociedade, o gosto pelo esporte, a dedicação aos pobres, uma vida de evangelização, pregação e oração”, opinou.
Para o cardeal, o exemplo do seminarista “comprova que o jovem, como Igreja, longe de sentir-se tolhido na sua vida, tem muito mais liberdade para fazer o bem e de transformar o mundo pra melhor”.
A Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, onde o candidato aos altares costumava participar das missas, recebe, hoje, dia 20, os restos mortais de Guido Schäffer. 
Com informações de Jovens Conectados e Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ)

Fonte: CNBB

19 de jan. de 2015

Duas homilias de Joseph Ratzinger sobre o sacerdócio































O arauto do grande rei (J. Ratzinger)


Homilia pronunciada na primeira Missa de um jovem sacerdote em 1955
Era abril de 1207, na Itália repleta de sol. Foi o mês em que São Francisco de Assis tinha sido deserdado e rejeitado por seu pai. Ele não tinha nada, não era sua nem mesmo a roupa que usava, e ainda assim possuía algo que ninguém poderia lhe roubar: o amor de Deus, a quem ele podia agora chamar de “Pai” de uma forma totalmente nova.
E ele sabia que isso era muito mais do que possuir o mundo inteiro. Assim, seu coração se encheu de alegria e caminhava cantando pela floresta da Úmbria. Mas, de repente, perto de Gubbio, do meio do mato saltaram dois ladrões para assaltá-lo; então, surpreendidos com a aparência tão curiosa de Francisco, perguntam-lhe: “Quem é você?”. E ele responde: “Eu sou o arauto do grande Rei”.
Francisco de Assis não era um sacerdote, ele foi diácono toda a sua vida; mas o que ele disse naquela ocasião também é uma descrição profunda do que é e deve ser um sacerdote: é o arauto do grande Rei, Deus, é o locutor e pregador do senhorio de Deus que deve se estender para os corações dos homens em todo o mundo.
Nem sempre o arauto percorrerá as estradas cantando; às vezes sim, é claro, porque o bom Deus sempre dá a cada sacerdote novos momentos em que, com assombro e alegria, reconhece a grande tarefa que Deus lhe concedeu. Mas contra este arauto se levantam sempre os ladrões, por assim dizer, os quais não gostam deste anúncio: são principalmente os indiferentes, os que nunca têm tempo para Deus, aqueles que – exatamente no momento em que Deus lhes chamasse – pensariam que realmente têm outras coisas para fazer, eles têm sempre muito trabalho para fazer; depois há aqueles que dizem que não é preciso construir igrejas, mas sim casas, e seria muito bom se depois surgissem ao lado delas cinemas e lugares para todo o tipo de diversão.
Para estes, o sacerdote deve proclamar constantemente o fato, muitas vezes desconfortável, de que o homem não vive só de pão, mas antes de tudo da Palavra de Deus. E que o homem não vive somente de pão, mas de algo mais, eu acho que hoje nós podemos notar isso muito bem. Cada vez mais, há pessoas que têm tudo o que deseja, dinheiro suficiente para se vestir e comerem o que quiserem, e mesmo assim, algum dia, dizem: “Não posso mais viver”, “não aguento mais, não faz sentido essa vida”. E aqui se vê que o homem precisa de algo mais do que o pão, pois existe nele uma fome mais profunda, a fome de Deus, que só pode ser satisfeita com a Palavra de Deus.
Acredito que na ocasião desta homilia e da celebração desta primeira Missa, todos nós podemos refletir um pouco se não estamos também nós, de uma forma ou de outra, entre aqueles indiferentes que, com a sua crítica, com o seu chegar atrasado ou nem mesmo chegar, tornam mais difícil ou fazem o sacerdote perder o gosto pelo seu trabalho.
Depois, há aqueles que são hostis, aqueles que por detrás de cada sacerdote veem o representante do clericalismo, de um poder contra o qual devem defender-se; e não há necessidade de dizer a vocês os slogans e os pensamentos que estão circulando hoje em dia sobre isso. Certamente os conheceis tão bem quanto eu; e todos nós – creio – vemos não só o suor que custa o trabalho de semeadura, mas também quanto esforço requer a colheita do Reino de Deus, para a qual o Senhor o enviou como um trabalhador em seu campo, sobre o qual, certamente, também crescem cardos e espinhos, não muito diferente do campo deste mundo.
E, apesar de toda a oposição, o sacerdote deve sempre trazer de volta o anúncio do senhorio de Deus que deseja se estender em este mundo, porque ele é o arauto do grande Rei, de Deus, que clama no deserto do tempo; ou, para dizer com os teólogos, de modo simples e conciso: ele não toma parte apenas na função pastoral de Jesus Cristo, mas também na sua função magistral; ele não é apenas enviado para administrar os Sacramentos, mas também para proclamar a Palavra de Deus.
Caros cristãos! O que eu disse nesta homilia são só poucos, pequenos e insignificantes detalhes da imagem global da existência sacerdotal. Mas, confrontado com a realidade de Deus, no fundo todo homem é como uma criança que balbucia, e até mesmo o maior homem não pode dizer mais do que alguns detalhes insignificantes. Em conclusão, gostaria de repetir mais uma vez a oração que lembrei anteriormente; antes de colocar-se a serviço, na oração eucarística, do milagre da santa consagração, o novo sacerdote se voltará mais uma vez em direção a vocês, dizendo: “Orate fratres”: orai irmãos, para que o meu e vosso sacrifício seja agradável a Deus, nosso Senhor!
Então por favor, não considerem estas palavras como uma frase feita que o Missal traz, como uma fórmula que o sacerdote deve pronunciar porque é o momento que deve ser dita; em vez, considerai-a como uma verdadeira oração dirigida a todos vocês. Porque talvez hoje o que o sacerdote mais precisa é que se reze muito por ele; para ele é infinitamente reconfortante saber que há pessoas estão cuidando dele diante de Deus, ou seja, que estão rezando por ele. É como se uma mão boa o mantivesse em uma subida íngreme, de modo a ter esta certeza: “eu posso ir tranquilo, porque sou sustentado pela bondade daqueles que estão comigo”.
E cada vez que no futuro vocês forem à Missa e escutarem esta fórmula, orate, fratres(orai irmãos), considerai-a como uma exortação, como uma verdadeira súplica dirigida a vocês: orai irmãos, para que a oferta da vida deste sacerdote e de todos os sacerdotes seja agradável a Deus, o Senhor.
Fonte: J. RATZINGER, Opera Omnia, vol. XII: Annunciatori della Parola e Servitori della vostra gioia“, Libreria editrice Vaticana, pp. 750-752. Tradução: Pe. Anderson Alves.

Dar a resposta da vida: o exemplo do Beato

Maximiliano Kolbe

Freising, 1979
O teólogo francês Marc Oraison nas suas memórias conta o modo digno de reflexão no qual ele encontrou a via ao sacerdócio a partir da medicina. Como cirurgião tinha tido diversas ocasiões em que havia lutado contra a doença e contra a morte, e teve de experimentar em modo sempre mais profundo os limites da arte médica e do seu poder. E então escreve: «Diante da morte e por tudo o que eu não era capaz de fazer, se tornou sempre mais forte em mim o desejo de tornar presente, diante da morte, a Ressurreição, ou seja, de celebrar a Missa». Para ele, tornar-se sacerdote não significava abandonar aquilo que visava como médico, mas antes, via a resposta definitiva e plena à morte só na Ressurreição. Tornar presente a Ressurreição de Cristo e nela também a nossa: isto pode se cumprir apenas em virtude do mandato sacerdotal.
Tornar presente a Ressurreição – esta expressão me voltou à mente quando, durante a semana de Pentecostes, pude celebrar a Eucaristia com o Papa João Paulo II no campo de concentração de Auschiwitz-Birkenau. Foi um pensamento emocionante e uma experiência tocante, naquele lugar terrível de semeadura de morte, naquela terra de mortos, na qual quatro milhões de pessoas tinham encontrado a morte, experimentar a presença da Ressurreição como única resposta verdadeira e suficiente. Foi emocionante experimentar como aquele lugar que comemora o ódio e a desumanidade se tenha transformado em um lugar de vitória do amor de Jesus Cristo e da vida.
E só assim se torna compreensível também a oferta da vida do Padre Maximiliano Kolbe. Torna-se evidente, de fato, que aquele seu morrer, aquele seu celebrar até o final a Missa da sua vida, foi um sinal de esperança e de vitória porque brotava da fé na Ressurreição de Jesus Cristo, porque a partir daquela fé se tornou presente a Ressurreição. Assim o Papa pôde considerar o que era o lugar da maior humilhação do homem como um lugar da vitória do amor, onde a força do amor de Jesus Cristo tinha se revelado mais forte do que toda anulação do humano.
Ficou claro para mim também a resposta a uma pergunta feita tantas vezes. Quantas vezes, de fato, foi dito: depois de Auschwitz é possível crer em um Deus bom? E então entendi isto: exatamente porque existe Auschwitz precisamos da fé, necessitamos da presença da Ressurreição e da vitória do amor; só a Ressurreição pode fazer surgir a estrela da esperança que nos permite ainda de viver.
Tornar presente a Ressurreição. Caros jovens amigos, com esta expressão, de fato, fica descrita a natureza do sacerdócio. No seu significado mais profundo quer dizer ser autorizados para atualizar esta realidade na terra dos mortos deste mundo, onde a morte e as suas forças continuam a realizar a sua colheita. Quer dizer atualizar a presença da Ressurreição e dar em tal modo a resposta da vida, uma resposta que é mais forte do que a morte.
Por isso, no mais íntimo núcleo do ministério sacerdotal, do qual hoje vocês assumem a missão, é e permanece celebrar a Eucaristia do Senhor, atualizar no meio de nós, no Corpo e Sangue de Jesus Cristo, a sua morte e a vitória do amor. É a partir disso e sobre este ponto que a vida de vocês deve sempre medir-se, e é a partir daqui que vocês devem encontrar a justa estrada. Celebrar a Eucaristia, de fato, não significa simplesmente cumprir um rito.
As orações de Ordenação dizem: «Imitamini quod tractatis» (imitai o que celebrai!). Deixem, pois, que este evento determine a medida e o modo do ser de vocês, que isso se torne verdadeiramente o centro mais profundo da vida de vocês.
Tornar presente a Ressurreição significa viver pessoalmente nela e dela. Isto pode acontecer no modo justo somente se conhecemos o Ressuscitado. Quando, depois de Pentecostes, foi preciso eleger pela primeira vez um apóstolo na Igreja, o critério fundamental foi este: o pré-escolhido devia ter conhecido Jesus Cristo, devia ter se sentado à mesa com Ele, devia tê-lo escutado, devia ter encontrado o Ressuscitado.
Somente se conhecemos Cristo, se percorremos juntos dele as suas estradas, se tivermos aprendido a conhecer a sua voz, se ele fala à nossa vida, se tivermos encontrado o Ressuscitado, somente então viveremos o mandato de tornar presente a Ressurreição no mundo de hoje.
Por isso queria exortá-los nesta hora ainda uma vez a buscar sempre novamente a comunhão com Jesus Cristo, a viver diante d’Ele, a aprender os Seus caminhos, a escutar a Sua voz, a colocar as mãos no Seu lado aberto. Faz parte disto também a comunhão com a Santa Igreja. Porque somente em comunhão com os Doze e com os Setenta era possível caminhar com Jesus.
Um Jesus buscado fora desta comunhão com a Igreja seria um Jesus inventado por nós; Ele vive, porém, só no centro da Igreja, que é o seu Corpo. Exatamente no viver a Igreja, no crer em comunhão com ela e assim edificá-la, encontramos o Senhor. Tornar presente a Ressurreição, então, não significa conservar a liturgia em uma taça de vidro, mas levar continuamente, a partir dela, a vida e o amor ao mundo, ir ao encontro das pessoas para doar-lhes vida e amor.
Quem crê na Ressurreição não precisa buscar ansiosamente a si mesmo e a própria autorrealização e de ver se por acaso lhe escapa alguma coisa daquilo que a vida lhe oferece, mas sabe que o seu espaço é a eternidade, e que pode dedicar-se em atitude de serviço aos outras sem medo. A pressa que quer desfrutar até o fundo o instante, o medo que teme que pudesse fugir algo da vida, são manifestações de um mundo que não conhece a Ressurreição. É precisamente apegando-se ao instante atual que muitos perdem o tempo. Por isso devemos ser, em virtude da fé na Ressurreição, homens que têm tempo, que não têm medo de não receber a própria parte da vida, mas que, por sua vez, na grande liberdade do amor eterno, podem dedicar-se sem ânsias ao serviço dos seus irmãos.
Também o celibato pode ser compreendido somente a partir daqui. Não deve basear-se sobre um “não”, sobre o ceticismo ou inclusive sobre o desprezo pelas pessoas, porque então não seria capaz de perseverar e contrariaria a intenção de Jesus Cristo. Por outro lado, o celibato deve ser encorajamento à fidelidade, encorajamento à confiança. Deve nascer da coragem de quem, em vistas da eternidade, ousa viver uma vida em que o amor aberto de Deus nos envolve totalmente.
Em ocasião da minha visita à Polônia, o bispo de Katowice me contou que os seus [seminaristas] teólogos, depois do terceiro ano de estudos, devem por um ano trabalhar em minas ou em fábricas. E explicou que retornam todos reforçados por uma nova alegria; diante da dureza da vida cotidiana experimentada naquele intervalo de tempo, não apenas se liberam da mentalidade estreita de quem pretende negociar com a vocação para obter vantagem ou comodidades, mas, sobretudo, escutam continuamente os operários repetir: «Precisamos do sacerdote! Esperamos por ele». E assim, eles experimentam como, na acinzentada monotonia deste nosso tempo, uma coisa diversa, a luz da Ressurreição só pode levar a este mundo uma alegria de festa, a qual se revela realmente necessária para viver.
Não sei se entre nós na Alemanha, se se desenvolvesse tal estágio, se ouviria algo de semelhante dos nossos trabalhadores. Talvez nós todos, por causa da nossa falta de fé, somos demasiado presos à busca pelo momento, do que a vida pode ainda nos oferecer, do que o tempo ainda nos reserva. Em verdade, temos apenas mais urgentemente a necessidade da liberdade, da calma que deriva da fé na Ressurreição; precisamos do espaço do infinito e da luz da esperança, que somente pode tornar livre a nossa vida. É assim o mandamento do presente momento: que sejam testemunhas da Ressurreição: «sereis minhas testemunhas» (At. 1, 8). São essas as palavras que hoje vocês levarão.
As palavras do Senhor, porém, não são apenas um pedido, mas antes de tudo uma promessa. São graça e dom. E assim fazem parte de tal mandamento também estas palavras: «Eu estarei convosco todos os dias, até o final do mundo» (Mt. 28, 20). Quanto mais nos tornamos testemunhas, mas poderemos experimentar a graça desta presença, também nos momentos escuros. O Senhor, que os envia, possa ser a sua luz, a sua esperança, a sua realização.
Fonte: J. RATZINGER, Opera Omnia, vol. XII: Annunciatori della Parola e Servitori della vostra gioia“, Libreria editrice Vaticana, pp. 645-649. Trad. Pe. Anderson Alves.
Fonte: Site Presbíteros 

5 de jan. de 2015

Palavra do Pastor: “No Ano da Caridade, a construção da Paz.”

No Ano da Caridade, a construção da Paz.”

Iniciamos 2015 sob o sinal da Caridade na construção da Paz. Para nós na Arquidiocese de Fortaleza será este o Ano da Caridade, terceiro ano no triênio na celebração do Jubileu Centenário da Arquidiocese. Para toda a humanidade, nos votos e mensagem do Papa Francisco, a Paz se constrói com a Fraternidade, fundamento e caminho para a Paz: por isto o lema: “Já não escravos, mas irmãos”.

Em sua mensagem para a celebração do 48º Dia Mundial da Paz assim fundamenta com simplicidade direta o Papa Francisco (recomendamos sua completa leitura): “2. O tema, que escolhi para esta mensagem, inspira-se na Carta de São Paulo a Filemon; nela, o Apóstolo pede ao seu colaborador para acolher Onésimo, que antes era escravo do próprio Filemon, mas agora se tornou cristão, merecendo por isso mesmo, segundo Paulo, ser considerado um irmão. Escreve o Apóstolo dos gentios: «Ele foi afastado por breve tempo, a fim de que o recebas para sempre, não já como escravo, mas muito mais do que um escravo, como irmão querido» (Flm 15-16). Tornando-se cristão, Onésimo passou a ser irmão de Filemon. Deste modo, a conversão a Cristo, o início duma vida de discipulado em Cristo constitui um novo nascimento (cf. 2 Cor 5, 17; 1 Ped 1, 3), que regenera a fraternidade como vínculo fundante da vida familiar e alicerce da vida social.”
É da constatação de que: “Infelizmente, o flagelo generalizado da exploração do homem pelo homem fere gravemente a vida de comunhão e a vocação a tecer relações interpessoais marcadas pelo respeito, a justiça e a caridade.” “Infelizmente, entre a primeira criação narrada no livro do Gênesis e o novo nascimento em Cristo – que torna, os crentes, irmãos e irmãs do «primogênito de muitos irmãos» (Rom 8, 29) –, existe a realidade negativa do pecado, que interrompe tantas vezes a nossa fraternidade de criaturas e deforma continuamente a beleza e nobreza de sermos irmãos e irmãs da mesma família humana. Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por inveja, cometendo o primeiro fratricídio. «O assassinato de Abel por Caim atesta, tragicamente, a rejeição radical da vocação a ser irmãos. A sua história (cf. Gen 4, 1-16) põe em evidência o difícil dever, a que todos os homens são chamados, de viver juntos, cuidando uns dos outros».[2]”
Esta infelicidade humana tem entre tantas causas uma fundamental: “4. Hoje como ontem, na raiz da escravatura, está uma concepção da pessoa humana que admite a possibilidade de tratá-la como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de serem sentidos como seres de igual dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana – criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim.”
E diante de tantas faces da escravidão (ainda hoje milhões de pessoas – crianças, homens e mulheres de todas as idades – são privadas da liberdade e constrangidas a viver em condições semelhantes às da escravatura) a que são submetidas por outras suas semelhantes, que são suas irmãs, a que somos todos chamados senão ao reconhecimento real da filiação comum de um único Pai, da irmandade comum no Cristo Senhor, o Filho de Deus que se fez Filho do Homem e Irmão de toda pessoa humana para nos unir em comunhão de vida e dignidade em toda a humanidade no único Amor que é o próprio Deus?
O Santo Padre o Papa Francisco convida a todos a “globalizar a fraternidade, não a escravidão nem a indiferença”, com atitudes pessoais, comunitárias em gestos concretos que vão muito além de qualquer retórica: “Nesta perspectiva, desejo convidar cada um, segundo a respectiva missão e responsabilidades particulares, a realizar gestos de fraternidade a bem de quantos são mantidos em estado de servidão. Perguntemo-nos, enquanto comunidade e indivíduo, como nos sentimos interpelados quando, na vida quotidiana, nos encontramos ou lidamos com pessoas que poderiam ser vítimas do tráfico de seres humanos ou, quando temos de comprar, se escolhemos produtos que poderiam razoavelmente resultar da exploração de outras pessoas. Há alguns de nós que, por indiferença, porque distraídos com as preocupações diárias, ou por razões econômicas, fecham os olhos. Outros, pelo contrário, optam por fazer algo de positivo, comprometendo-se nas associações da sociedade civil ou praticando no dia-a-dia pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um cumprimento, dizer «bom dia» ou oferecer um sorriso; estes gestos, que têm imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir estradas, mudar a vida a uma pessoa que tateia na invisibilidade e mudar também a nossa vida face a esta realidade.”
“Temos de reconhecer que estamos perante um fenómeno mundial que excede as competências de uma única comunidade ou nação. Para vencê-lo, é preciso uma mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenômeno. Por esta razão, lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo,[12] o Qual Se torna visível através dos rostos inumeráveis daqueles a quem Ele mesmo chama os «meus irmãos mais pequeninos» (Mt 25, 40.45)
E neste ANO DA CARIDADE, em que nos reconhecemos “Levados pela Caridade de Cristo”(2 Cor 5, 14)reconhecemos que desde as“origens da família humana, o pecado de afastamento de Deus, da figura do pai e do irmão torna-se uma expressão da recusa da comunhão e traduz-se na cultura da servidão (cf. Gen 9, 25-27), com as consequências daí resultantes que se prolongam de geração em geração: rejeição do outro, maus-tratos às pessoas, violação da dignidade e dos direitos fundamentais, institucionalização de desigualdades. Daqui se vê a necessidade duma conversão contínua à Aliança levada à perfeição pela oblação de Cristo na cruz, confiantes de que, «onde abundou o pecado, superabundou a graça (…) por Jesus Cristo» (Rom 5, 20.21). Ele, o Filho amado (cf. Mt 3, 17), veio para revelar o amor do Pai pela humanidade. Todo aquele que escuta o Evangelho e acolhe o seu apelo à conversão, torna-se, para Jesus, «irmão, irmã e mãe» (Mt 12, 50) e, consequentemente, filho adotivo de seu Pai (cf. Ef 1, 5). No entanto, os seres humanos não se tornam cristãos, filhos do Pai e irmãos em Cristo por imposição divina, isto é, sem o exercício da liberdade pessoal, sem se converterem livremente a Cristo. Ser filho de Deus requer que primeiro se abrace o imperativo da conversão: «Convertei-vos – dizia Pedro no dia de Pentecostes – e peça cada um o batismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo» (At 2, 38). Todos aqueles que responderam com a fé e a vida àquela pregação de Pedro, entraram na fraternidade da primeira comunidade cristã (cf. 1 Ped 2, 17; At 1, 15.16; 6, 3; 15, 23): judeus e gregos, escravos e homens livres (cf. 1 Cor 12, 13; Gal 3, 28), cuja diversidade de origem e estado social não diminui a dignidade de cada um, nem exclui ninguém do povo de Deus. Por isso, a comunidade cristã é o lugar da comunhão vivida no amor entre os irmãos (cf. Rom 12, 10; 1 Tes 4, 9; Heb 13, 1; 1 Ped 1, 22; 2 Ped 1, 7). Tudo isto prova como a Boa Nova de Jesus Cristo – por meio de Quem Deus «renova todas as coisas» (Ap 21, 5)[3] – é capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo de fraternidade em Cristo. O próprio Jesus disse aos seus discípulos: «Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai» (Jo 15, 15).
 “No Ano da Caridade, (faremos) a construção da Paz”, vivendo a nossa filiação de Deus e a nossa fraternidade com os irmãos.
 Este Novo Ano, que a bondade infinita de Deus nos dá, seja guiado pela Palavra onipotente  que se fez carne impotente e mortal para nos guiar à imortalidade.
Que brilhe a Luz que ilumina todo homem vindo a este mundo, para que seus dias sejam cheios do Amor, da Paz e da Felicidade que agora prenunciam na História a Feliz Eternidade da qual nos faz participantes o Filho de Deus feito nosso Irmão.
Começamos o Novo Ano sob a proteção da Santa Mãe de Deus, Maria, que trouxe no seio virginal o Filho do Pai Eterno – o Príncipe da Paz: nEle nós somos “Já não escravos, mas irmãos” para sempre.
Feliz e Abençoado Ano do Senhor 2015.
+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza
Fonte: Site da Arquidiocese de Fortaleza
















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