16 de set. de 2014

Palavra do Pastor: “Simpósio Arquidiocesano no Ano da Esperança”

Nas comemorações do Jubileu Áureo do Concílio Vaticano II, realizamos no ano 2013, o ANO DA FÉ, um Simpósio Arquidiocesano da Fé para a formação dos fiéis: sacerdotes, ministros eclesiais, religiosos e religiosas, leigos e leigas.

Nas três virtudes teologais da FÉ, ESPERANÇA e CARIDADE, contempladas pelos nossos últimos papas em encíclicas: Lumen Fidei, Spe Salvi, Deus Caritas est, cartas pastorais solenes e referenciais – procuraremos refazer-nos nos fundamentos da vida cristã e no amadurecimento de sua doutrina.

Este processo de formação eclesial sintoniza-se com a celebração do Jubileu Centenário da Arquidiocese de Fortaleza.

Neste ANO DA ESPERANÇA realizaremos um Simpósio Arquidiocesano sobre a Esperança (dias 20 e 21 de setembro) e em 2015 sobre a Caridade – no ANO DA CARIDADE – Ano Jubilar Centenário da Arquidiocese de Fortaleza.

Além de reflexões sobre a Esperança na Bíblia, a Esperança na Tradição da Igreja e a Esperança e o Concílio Vaticano II, testemunhos pessoais e comunitários dos caminhos da Esperança serão oportunidade de verdadeira experiência de comunhão eclesial e de encontro com Jesus, do qual tudo parte e no qual tudo se realiza.

Do Santo Padre Papa Emérito Bento XVI recebemos a Encíclica Spe Salvi – Salvos na Esperança. É ele que coloca a questão para todos nós cristãos: “1. ‘SPE SALVI facti sumus’ – ‘é na esperança que fomos salvos’: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm 8,24) . A ‘redenção’, a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de fato. A redenção nos é oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho. E imediatamente se levanta a questão: mas de que gênero é uma tal esperança para poder justificar a afirmação segundo a qual a partir dela, e simplesmente porque ela existe, nós fomos redimidos? E de que tipo de certeza se trata?”

Sabemos pela Palavra de Deus, pelos ensinamentos que dela tira a Igreja (vide Catecismo da Igreja Católica), que: “1817. A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forcas, mas no socorro da graça do Espírito Santo. ‘Continuemos a afirmar nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa’ (Hb 10,23). ‘Este Espírito que ele ricamente derramou sobre nós, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que fossemos justificados por sua graça e nos tornássemos herdeiros da esperança da vida eterna’ (Tt 3,6-7). 1818. A virtude da esperança responde a aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz a felicidade da caridade.”.

Assim queremos nos colocar decididamente nos caminhos da Esperança Cristã. Por este caminho nos convida o Papa Francisco, quando de uma de suas meditações diárias na Santa Missa (30 de outubro de 2013) fala de “A Esperança, esta desconhecida”: “… uma virtude, que se revelou mais forte do que o sofrimento, assim como escreve são Paulo na Carta aos Romanos 8, 18-25 (18 ‘Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós. 19 De fato, toda a criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus…’). Paulo refere-se aos sofrimentos do tempo presente, mas diz que não são comparáveis com a glória futura que será revelada em nós. O apóstolo fala de ‘fervorosa expectativa’, uma tensão rumo à revelação que se refere a toda a criação. ‘Esta tensão é a esperança e viver na esperança é viver nesta tensão’, na expectativa da revelação do Filho de Deus, quando toda a criação e também cada um de nós for libertado da escravidão ‘para entrar na glória dos filhos de Deus’. A esperança é ‘a mais humilde das três virtudes (teologais), porque se esconde na vida. Vemos e sentimos a fé, sabemos o que é; praticamos a caridade, sabemos o que é. Mas o que é a esperança?’. A resposta do Papa foi: “Para nos aproximarmos mais podemos dizer em primeiro lugar que é um risco. A esperança é uma virtude perigosa, uma virtude, como diz são Paulo, de uma expectativa fervorosa pela revelação do Filho de Deus. Não é uma ilusão. É aquela que os israelitas tinham, os quais, quando foram libertados da escravidão disseram: ‘parecia que sonhávamos. Então a nossa boca abriu-se num sorriso e a nossa língua encheu-se de alegria’ (Sl 126, 1)”.

De fato, sabemos que toda a criação, e também nós com ela, ‘geme e sofre as dores de parto até hoje’.(Rm 8, 22) Não só, mas também nós, que possuímos as primícias do espírito, gememos interiormente, esperando.

Estamos na expectativa como está a mulher em parto, para seguir a imagem usada por São Paulo.  A esperança põe-se nesta dinâmica do dar a vida. A esperança ‘é uma graça que deve ser pedida’.

Viver na esperança não é estar apenas firme em uma boa vida religiosa no cumprimento de mandamentos, é carregar em si a vida nova que já está se formando. A mulher grávida não é apenas mulher, mas já está se transformando em mãe. Assim Maria, que já carrega Jesus, canta seu Magnificat (Lc 1, 46-55), porque o Poderoso faz maravilhas na humildade de sua serva. Ela é a Mãe da Santa Esperança.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

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